15/01/2024 às 16h20min - Atualizada em 15/01/2024 às 16h20min

A necessidade urgente de combater o greenwashing e fortalecer práticas sustentáveis empresariais

Para 98% dos investidores brasileiros e para 94% dos investidores mundiais, há greenwashing nos relatórios de sustentabilidade

Marcella Blok

Marcella Blok

Co-fundadora de Blok Compliance. Sócia da Blok Consultoria Legal. Coord. e profª convidada de Pós Graduações em Direito e Compliance

No cenário empresarial atual, a busca por práticas sustentáveis tornou-se uma demanda crescente da sociedade. No entanto, um fenômeno preocupante tem se disseminado: o greenwashing, uma prática que envolve a apresentação enganosa de ações e compromissos ambientais por parte das empresas. De acordo com uma pesquisa recente da PWC, 98% dos relatórios de sustentabilidade das empresas no Brasil e 94% em escala global apresentam sinais dessas práticas questionáveis.

O greenwashing refere-se à estratégia de marketing utilizada por empresas para mascarar o impacto ambiental negativo de suas operações, projetos ou produtos, criando uma imagem positiva e sustentável. Trata-se de prática que visa enganar os consumidores, investidores e a sociedade em geral, criando a percepção de que a empresa é ecologicamente responsável, quando, na realidade, isso não corresponde à verdade. 

Nesse sentido, o greenwashing não é apenas uma estratégia questionável; é uma ameaça real para a reputação, imagem e credibilidade das empresas. Além disso, eacarreta riscos ambientais, econômicos e sociais significativos. Empresas que adotam práticas enganosas de sustentabilidade correm o risco de perder a confiança de seus  consumidores, parceiros, investidores e demais stakeholders internos e externos, impactando negativamente seus resultados financeiros e aumentando as ocorrências de penalizações regulatórias. Além disso, a falta de integridade ambiental pode resultar em danos irreparáveis às comunidades locais e ao ecossistema.

Para enfrentar esse desafio, é essencial implementar ferramentas robustas de combate ao greenwashing. Transparência e prestação de contas são fundamentais. O uso de tecnologias como blockchain pode fornecer uma trilha imutável de práticas sustentáveis, garantindo maior confiabilidade. Auditorias independentes, certificações ambientais reconhecidas, e a adoção de padrões internacionais de relato são maneiras eficazes de garantir que as práticas sustentáveis anunciadas sejam genuínas.

Nessa trilha, a importância do ESG (Ambiental, Social e Governança) nunca foi tão evidente. O ESG não é mais apenas uma sigla no mundo corporativo, mas sim um indicador vital do compromisso das empresas com a responsabilidade social e ambiental. A integração de práticas de ESG e sustentabilidade não apenas reflete a consciência das empresas em relação às suas responsabilidades, mas também fortalece a competitividade a longo prazo. Empresas que integram esses critérios em suas operações não apenas cumprem com suas responsabilidades sociais e ambientais, mas também mitigam riscos significativos, ademais de estarem mais bem posicionadas no mercado (sobretudo, o de capitais), conseguindo atrair ainda investidores, consumidores e talentos conscientes. A busca por práticas sustentáveis deve ser intrínseca à cultura corporativa, incorporando a sustentabilidade em todas as facetas do negócio.

À medida que a conscientização sobre a importância da sustentabilidade cresce, a transparência e a autenticidade tornam-se diferenciais competitivos. Somente empresas verdadeiramente comprometidas com a sustentabilidade podem construir uma base sólida de confiança, resiliência e prosperidade no cenário empresarial global. A adoção de práticas autênticas de sustentabilidade, o fortalecimento da regulação e o engajamento dos consumidores e investidores são estratégias-chave para combater essa prática generalizada.

Assim sendo, o combate ao greenwashing nos relatórios de sustentabilidade torna-se essencial para promover a transparência e a responsabilidade ambiental das empresas representando este não somente um papel fundamental para maior responsabilidade ética delas, mas uma necessidade imperativa para a sobrevivência e sucesso das empresas no longo prazo.

Esperemos que as empresas e os governantes atentem à urgência do tema e promovam de forma ética e diligente, a concretização disso tudo. Já é mais do que chegado o momento de se privilegiar os cidadãos, as comunidades e as boas práticas ambientais,sociais e de governança ao invés de se focar no lucro mascarado por práticas ambientalmente perigosas e gananciosas.
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