09/05/2023 às 08h00min - Atualizada em 09/05/2023 às 08h00min

A logística reversa no contexto do ASG (Ambiental, Social e Governança)

A ONU “batizou” 2022 como sendo o Ano Internacional do Vidro”

Marcella Blok

Marcella Blok

Co-fundadora de Blok Compliance. Sócia da Blok Consultoria Legal. Coord. e profª convidada de Pós Graduações em Direito e Compliance

Segundo estudos de renomadas instituições mundiais, os investimentos em ESG (Environmental, Social and Governance, ou no acrônimo, ASG- Ambiental, Social e Governança), devem chegar a US$ 53 trilhões até 2025.

Sendo assim, a agenda de ESG vem sendo uma das principais pautas mundiais nos últimos anos, dada a premente necessidade de que as empresas atentem às questões (ambientais, tais como os aspectos relacionados à biodiversidade, a uma economia descarbonizada e com menos poluentes, bem como aos aspectos sociais capazes de promover a diversidade e inclusão em seus ambientes de trabalho e, por fim,  às questões de governança no que tange a uma acertada tomada de decisões e em conformidade com leis e costumes.

 
Mas em que pese forte apelo, em nosso país, às questões sociais com fins de assegurar os direitos humanos à nossa sociedade, e de questões de governança por conta de sanções legais e de conformidade, essa mesma preocupação não encontra o mesmo abrigo nas questões ambientais.
 
Dito de outra forma, os aspectos ambientais, no Brasil, infelizmente, ainda crescem a passos mais lentos. Prova disso é a questão da coleta dos vidros, material que poderia ser integralmente reciclado e não o é. A importância de tal problemática é tamanha a ponto de a ONU, tal como referido anteriormente, ter eleito o ano de 2022 como o ano internacional do vidro.
 
Não obstante a recente promulgação de um Decreto que regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a qual  cria um sistema de logística reversa para embalagens de vidro por meio da a regulamentação dos créditos de logística reversa, de modo a complementar a cadeia produtiva com um valor  agregado capaz de subsidiar o fluxo reverso desse material, segundo a Associação Brasileira de Vidro (Abividro), o  Brasil recicla, somente, de 40 a 50% do vidro utilizado por seus consumidores pessoas físicas e jurídicas. Um dos motivos para o baixo índice, mesmo o material sendo 100% reciclável é a logística no momento do transporte, visto que as garrafas são levadas inteiras, o que dificulta e encarece o processo.
 
Um país é formado por Homens e bons projetos. Nesta trilha, há de se ressaltar que as startups e pequenas e médias empresas vêm logrando um grande papel de relevo por meio de práticas responsáveis e sustentáveis que concretizem esse importante tripé conhecido como ESG.
 
 
Exemplifique-se com o Grupo Seiva, um case de sucesso na indústria brasileira e que vem desenvolvendo, de forma disruptiva, projetos socioambientais com fins de implementar a logística reversa e os valores ESG no mercado de embalagens, transformando descarte em renda e lucro.  
 
O Grupo é composto pela Seiva Data a qual cuida da tecnologia da informação atrelada à inteligência artificial presente nas máquinas e equipamentos fabricados pela Seiva Machine, as quais são capazes de triturar o vidro, de forma a evitar a dificuldade e encarecimento do processo de se transportar as garrafas inteiras aos pontos de coleta, a Seiva Midia a qual comercializa espaço publicitário nas laterais da máquina  e a Seiva Coleta a qual cuida, eminentemente, da coleta e da logística do vidro.  Trata-se, pois, de uma organização que oferece ao mercado uma solução 360º em termos de logística reversa e de economia circular.
 
Com parceiros comerciais como a Owens Illinois, a Heineken a qual oferece desconto aos consumidores que descartarem as garrafas de suas bebidas nos equipamentos da Seiva e com o  Instituto Fecomércio de Sustentabilidade (IFeS) e a Fecomércio RJ, cujo projeto denominado REPET tem o condão bonificar quem usa as máquinas através de brindes e prêmios em troca da reciclagem de embalagens PET. a startup mineira viu seu faturamento saltar de R$2,5 milhões, em 2021, para R$3,5 milhões em 2022 - um crescimento de 40% no mesmo período. Com a expansão de suas operações para dezenas de capitais brasileiras, em 2023, em função dos projetos firmados com as multinacionais parcerias, a empresa projeta um crescimento de 300% e faturar R$16 milhões.
 
Em um mundo globalizado como o nosso, ou as empresas se reinventam ou elas estão "fora do mercado". Iniciativas como essas nos fazem crer que a sustentabilidade é o único caminho capaz de sustentar as gerações presentes e atuais no rumo do progresso e dos impactos positivos sociais, ambientais e políticos.

 
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