30/09/2022 às 16h17min - Atualizada em 30/09/2022 às 16h17min

Voto útil e envergonhado: os grandes coringas das eleições 2022

Rafael Miyake, sob supervisão de Luciana Hage
Reprodução
Desde 2018, a discussão sobre voto útil tem definido o debate político nas majoritárias. A ideia de votar em candidatos com mais chances de derrotar grandes opositores é parte de campanhas eleitorais desde a redemocratização, mas ganhou grandes proporções nas últimas eleições presidenciais.

Além disso, existem outras modalidades de voto, como o envergonhado e o amedrontado. Neles, o eleitor vota no seu candidato sem expressar sua preferência em público ou nas pesquisas, por vergonha ou por medo de represálias ou violência política.

“Geralmente essa decisão é tomada de última hora. Quando o eleitor percebe que o candidato preferido não tem chance, ele migra para um candidato que tenha mais chance. São dois fenômenos que as pesquisas, por definição, não pegam porque elas são um retrato do momento, e são um retrato de preferências públicas”, explica Frederico Batista, professor de Ciência Política da Universidade da Carolina do Norte.

Para o cientista político André Bruna, a definição de voto útil não é a melhor, pois todos os votos têm utilidade. “Todo voto tem uma certa utilidade particular para aquela pessoa que está tomando a decisão e que fez um cálculo racional. Só ele sabe qual o nível de utilidade que esse voto vai ter. A gente está numa democracia, que é multipartidária, e tem uma oferta grande, pelo nosso sistema eleitoral admitir várias candidaturas, principalmente para presidente e cargos minoritários”.

Durante estas eleições, o voto útil e o voto envergonhado serão decisivos e podem mudar o resultado no último momento.

As repercussões em 2022

De acordo com André Bruna, o voto envergonhado deve se acentuar nas eleições de 2022, por conta da violência política crescente no pleito deste ano. “Isso está muito mais atrelado, hoje, a um cálculo de preservação da sua própria integridade física, já que a gente está num momento de extrema violência”.

As modalidades de voto podem alterar ou até mesmo definir, já no primeiro turno, o resultado deste ano. “O voto útil tem essa característica de aparecer nos dois últimos dias ou no último. As pesquisas vão gerar impacto e vai modificar as estruturas da racionalidade, da utilidade do voto”.
Apesar de ser uma tendência recente, o voto útil já é pesquisado e utilizado há décadas, em nível internacional.

A origem do voto envergonhado

Vários estudos e pesquisas apontam para a existência do voto envergonhado. Em um deles, na década de 1960, a cientista política e pesquisadora Elisabeth Noelle-Neumann chamou o fenômeno de “espiral do silêncio”.

Segundo ela, a opinião dos eleitores durante as eleições de 1965 na Alemanha Oriental mudaram nos últimos períodos anteriores ao pleito. Opositores a uma tentativa de aproximação entre as Alemanhas Ocidental e Oriental se consideravam marginalizados e não participavam do debate público.

Nesta tese, aqueles em desvantagem no debate se mantêm em silêncio sobre suas opiniões até a percepção sobre o cenário mudar e aqueles que estavam em desvantagem passarem a ter a vantagem.

Veja mais sobre o assunto no vídeo  “Voto útil | Voto envergonhado”, no CN News

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://cidadesenegocios.com.br/.
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? Fale conosco pelo Whatsapp