22/09/2022 às 18h30min - Atualizada em 22/09/2022 às 18h30min

Candidaturas militares, suas razões e consequências

Rafael Miyake, estagiário, com supervisão de Yuri Siqueira, jornalista
Jose Fernando Ogura/Getty Images
Um levantamento realizado pelo jornal Estadão, com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aponta que o número de candidaturas ligadas a militares cresceu de 1.598 em 2018 para 2.030 em 2022, um aumento de 27% em quatro anos. Em comparação com 2014, o aumento foi de 68%.

O aumento deve ser considerado como uma expressão da própria visão da sociedade brasileira, que durante o período de crise econômica e política passou a ver o militarismo como uma possível solução. A eleição do presidente Jair Bolsonaro em 2018 também exemplifica essa visão. Bolsonaro é um militar reformado, simpatizante da ditadura e com muitos militares em sua base de governo.

De acordo com o cientista político Breno Pacheco Leandro, não há ilegalidade nas candidaturas militares, mas é necessário estar atento às propostas das candidaturas.Num geral, são ligadas a questões como combate à corrupção, militarização da educação básica e armamentismo.

“A construção social de tudo o que foi vivenciado no Brasil e do que vem sendo vivenciado agora culminou nesse aumento de candidaturas. E todo esse debate da violência gera um sentimento de revolta na população. Então ver a figura do militar, do PM, fazendo esse trabalho, prendendo essas pessoas que cometem ilegalidades, há um sentimento de identificação. É um vislumbre do herói”, explica Breno Pacheco.

Para ele e para o cientista social Flávio Queiroz, programas sensacionalistas e policiais também são responsáveis por este aumento. “Esses programas policialescos demonstram a polícia quase como heróis de quadrinhos, que resolvem tudo no tiro, na bala e na porrada. E é como se a mídia ajudasse a ter uma certa mistificação do que realmente acontece”, diz Flávio.

De acordo com Flávio, o papel real da polícia é de garantir o status quo da população mais abastada enquanto mantém uma maioria na periferia, sem acesso aos próprios direitos, garantindo a segurança em áreas centrais e ignorando áreas mais distantes dos grandes centros. Este papel dos militares na sociedade é mantido mesmo durante um mandato legislativo, criando uma ilusão de segurança e trabalho enquanto garante a posição de elites, mesmo que criminosas.

Veja mais no vídeo Candidatura de Militares e Agentes de Segurança Pública, no CN News.

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